

Simone Peixoto
Artista visual e educadora, doutora em Poéticas Visuais pela Unicamp (2020), mestre em poéticas Visuais pela Unicamp (2009) e graduada em Artes Visuais pela Unicamp.
Atua no projeto Xilomóvel – Ateliê Itinerante desde 2010, onde desenvolve propostas artísticas e educativas, na divulgação, ensino e criação de público para a gravura.
Em seu trabalho, a imagem impressa, xilogravuras e monotipias dialogam com uma investigação sobre o desenho e a representação. A possibilidade de reprodução da imagem na gravura não é usada para gerar cópias, mas para explorar desdobramentos e criar novas histórias e percursos para uma mesma imagem.
Galhos, raízes, troncos e outros elementos naturais recolhidos na cidade, dialogam com desenhos, xilogravuras e monotipias produzidas pela artista em instalações que recriam a natureza de forma poética. Os fragmentos de plantas recolhidos ganham nova existência na condição de arte.
Pedaços de plantas e de gravuras são matérias de naturezas diferentes que aqui se complementam num encontro entre apresentação e representação: objetos coletados e imagens criadas. Objetos que também são desenhos em potencial, linhas e massas de seus próprios corpos e de suas sombras, enquanto os desenhos, na sua busca de representar são também plantas, folhas, flores e raízes. Assim, apresentação e representação criam um jogo entre a contemplação e a ação, propondo entre os olhos e as mãos ao mesmo tempo reverenciar e ressignificar.
Uma metáfora da matéria em decomposição que é insumo para novas vidas. Assim como toda matéria que se desfaz, se decompõe e se reorganiza, na efemeridade de cada indivíduo está a perenidade do mundo. O trabalho de Simone Peixoto menciona a morte ao tratar da vida.
Recolher e coletar vestígios, ruínas, fragmentos de uma vida passada é o início de uma ação que irá transformá-los e atribuir-lhes uma nova existência, sutil e muitas vezes também efêmera. Uma ação mínima que os transforma em outra matéria, se não física, de natureza poética.
